Gestão de Risco de Saúde Populacional: tecnologia e métricas só são eficientes se os objetivos estão bem definidos

Conversa com Fábio Abreu, CEO da hCentrix

As ações para o controle do Risco de Saúde Populacional de fato só são efetivas se antes a operadora de saúde tem clareza a respeito dos objetivos que deseja atingir.

Sem essa definição, corre-se o risco de criar ações superficiais, descoordenadas de toda a gestão do plano de saúde e sem retorno real algum. Em outras palavras, ações formuladas dessa maneira não trazem benefícios à operadora, aos colaboradores, muito menos aos pacientes.

Para fugir de ações vazias, o caminho recomendado pela hCentrix é o do uso em larga escala da tecnologia, com sistemática clara a partir da estratificação do perfil de saúde de 100% da população, acessível em tempo real – e com mensuração constante dos resultados.

Dessa maneira, é possível ter controle total sobre os caminhos percorridos em cada linha de ação (jornada), com oportunidade de ajustes de rota imediatos, com ações precoces.

Na entrevista abaixo, o CEO da hCentrix, Fábio Abreu, explica de que forma isso deve ser feito, quais os impactos econômicos seriam sentidos pelas operadoras de saúde e de que forma toda sistema de saúde suplementar brasileiro colheria os benefícios – que, financeiramente falando, chegam à casa dos bilhões de reais.

Confira!

O primeiro passo para o gestor de saúde mensurar adequadamente os resultados das iniciativas em GSP é definir o que se quer, onde se deseja chegar. Em sua opinião, os gestores têm essa clareza? Ou seja, eles sabem definir regras claras para, então, desenvolver as linhas de cuidado?

Uma parcela considerável dos gestores brasileiros. Esse conceito de Gestão de Saúde Populacional começou há 20 anos, vindo dos Estados Unidos, que são muito focados em gestão de doenças crônicas.

Por aqui, houve uma pequena evolução, mas não a ponto de se tornar um modelo abrangente, que desse toda consistência necessária para o Controle do Risco de Saúde Populacional.

Dentro desse pilar, existem muitas iniciativas, como as de Atenção Primária à Saúde (APS), programas direcionados aos crônicos, linhas de cuidado de idosos e gestantes etc. Tudo está dentro desse conceito maior, que necessita ser coordenado e gerenciado.

Diante das dificuldades atuais, como as operadoras de saúde têm definido que rumo tomar com relação à Gestão de Risco de Saúde de sua população?

São poucas as operadoras que têm essa estratégia de Controle do Risco de Saúde Populacional clara.

A grande maioria continua tendo uma visão fragmentada. Basta observarmos as iniciativas de APS que temos no mercado, com os gestores atuando como se fosse uma solução desconectada de toda a gestão do plano de saúde.

Ainda, infelizmente, são poucas as empresas que têm clareza sobre o processo do Controle do Risco de Saúde Populacional.

Mas, há exceções. Algumas empresas estão se organizando muito bem.

Como é possível auxiliar os gestores na definição das regras? Como ajudá-los a estabelecer os objetivos de suas ações em GSP?

Para ajudá-los, são necessárias iniciativas de conscientização do sistema como um todo.

Estamos, por exemplo, fazendo por meio da Aliança para a Saúde Populacional (ASAP) uma aproximação com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), de forma a divulgarmos o conceito de GSP de forma mais ampla e sólida.

Especificamente dentro da operação, é um processo que requer uma abordagem educacional, dedicada à metodologia de implantação, bem como uma estruturação operacional.

A hCentrix, além de oferecer um trabalho consultivo e de capacitação prática, também possui a plataforma, muito importante como base a partir da qual é construída toda estratégia de Controle do Risco de Saúde Populacional.

Quais métricas básicas e principais devem constar na estruturação de qualquer linha de cuidado?

Há algumas métricas bem importantes que precisam ser coletadas.

A primeira diz respeito ao controle da adesão e de engajamento da população às iniciativas, que é um processo bastante complexo e importante.

Também é preciso mensurar o Retorno sobre o Investimento (ROI). Afinal, iniciativas de Controle de Risco de Saúde Populacional são feitas objetivando-se retorno. É preciso ainda monitorar indicadores como as taxas de internações, frequência de uso do pronto-socorro, o tempo da jornada do paciente etc.

Outro retorno muito importante, que todos procuram, é o do custo assistencial. Hoje, percebe-se muito desperdício, seja por demora na execução do tratamento, ou por qualquer outro fator. Tais custos têm de ser otimizados, por meio de um modelo verdadeiramente eficiente.

De que maneira as métricas podem ser transformadas em ações que impactam para que o ROI seja positivo?

De fato, as métricas por si só não se transformam em ações. Mas, elas dão o norte sobre como as ações devem ser construídas.

Assim, as métricas são capazes de definir quais tipos de ações devem ser feitas, dentro de uma régua muito clara do que se está objetivando na entrega.

Por isso, é muito importante defini-las no momento de construção das Linhas de Ação, quando de fato são definidas as regras.

Que tipo de suporte a hCentrix oferece para sanar dúvidas e acompanhar de perto o desenrolar das iniciativas em GSP dos seus clientes?

Oferecemos know-how e tecnologia ao mercado. Inclusive existem casos em que colocamos a nossa equipe para atuar em nome do cliente. Trabalhamos em estreita colaboração com os nossos clientes.

Também dispomos de um time de customer success que acompanha o cliente e reporta indicadores ao patrocinador do projeto.

Para se ter ideia, durante a implantação, oferecemos um curso cuja finalidade é preparar a equipe do cliente a lidar de forma ampla com o conceito de Controle do Risco de Saúde Populacional.

Dispomos ainda de um suporte clínico, que pode ser acionado a qualquer momento para tirar dúvidas com relação aos perfis dos pacientes, entre outras necessidades.

Por que a tecnologia de gestão populacional se tornou tão fundamental para as operadoras de saúde?

A metodologia e as técnicas de gestão do Risco de Saúde Populacional se tornaram importantes e fundamentais para os planos de saúde devido, primeiro, à própria evolução da tecnologia, que permite haver agora informações em tempo real para que o controle do Risco de Saúde da População seja realizado de forma dinâmica.

Segundo, a tecnologia permite rapidez para a tomada de decisão dos clientes junto a casos complexos, pacientes instáveis etc.

Terceiro, focando a Gestão do Risco de Saúde Populacional, podemos dizer que a tecnologia como um todo, não só o TI, é fundamental, por ser um pilar que ainda não é usado pela maioria das operadoras de saúde. Isso acarreta no descontrole do custo assistencial, desafio que atravessa o setor nos últimos 20 anos.

A boa notícia é que agora, por meio da tecnologia, é possível fazer o controle do Risco de Saúde da População e da jornada dos pacientes – e atuar sobre os casos complexos e instáveis muito rapidamente.

Que impacto haveria na saúde suplementar do Brasil se mais operadoras desenvolvessem essa atenção com relação aos objetivos finais de suas linhas de cuidado?

São vários os impactos.

Primeiro, haveria uma aproximação muito maior entre a operadora e sua população, de forma que a atuação não se limitasse a autorização, liberação etc., mas com a operadora exercendo um papel de concierge, sendo a responsável por guiar a população da melhor forma possível.

Hoje, o que ocorre com os prestadores de saúde de uma forma geral, desde o consultório, até o hospital, é a adoção de um sistema completamente fragmentado, com dados muito espalhados. Eles pouco conversam com a informação.  

Outro impacto relevante ocorreria sobre o custo assistencial. Acreditamos que, com a ativação efetiva do Controle do Risco de Saúde da População, é possível atingir uma economia de pelo menos 5% em todo o custo assistencial – o que em valores representa algo em torno de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões por ano.

Além disso, haveria crescimento do sistema de saúde, uma vez que o custo seria mais controlado e estável. Também haveria maior interação do plano com todos os demais gestores de saúde: das empresas, das organizações, das associações etc. Essa proximidade certamente acarretaria um serviço muito mais consistente.

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